domingo, 20 de fevereiro de 2011

         


          


          Muitos são os caminhos para se conhecer as coisas boas, mas as coisas boas só existem se houver um confronto com outras que não são tão boas assim.
Nós que vivemos no meio de prédios e que escolhemos um mundo mais cinza como o mundo do nosso dia a dia, achamos estranho quando pessoas que estão pouco acostumadas as “nossas paisagens” se admirem com o tamanho dos nossos prédios, a rapidez dos nossos carros, nossos celulares e nossa tecnologia. Agora, por vezes essas pessoas vêem o lixo, a corrupção, a sujeita urbana, a poluição, como elementos estranhos a nossa realidade, mas que necessários são para sermos considerados como pertencentes a uma sociedade evoluída.
Em outra ponta temos nossa visão de que a natureza selvagem, as matas, os rios, as praias, as montanhas, são uma coisa também a parte de nós, nos admiramos com a beleza dela, nos sentimos bem ao seu lado, e muitas vezes temos os momentos mais agradáveis com essas visões e vivências, pois nossa memória sempre tem um bom espaço para algo belo que vimos na natureza, seja por um segundo ou por meia vida. Agora será que podemos dizer que há algo na natureza que possa ser comparado ao nosso lixo, sujeira, poluição? É impossível enxergar no meio da natureza, algo que não tenha um meio e um fim úteis a todos os demais e a todo o ciclo de vida. Não há como comparar nosso mundo cinza com um mundo verde ou o azul de um rio, ou comparar nossos chicletes colados no chão, com as sementes que são transportadas pelas aves para se tornarem novas vidas. Existem pessoas que realmente acham que vivemos em um mundo natural.  
Essa é uma coisa estranha a se perguntar, pois afinal podemos mesmo comparar nossos processos e nossa vida ao que é uma vida realmente natural e livre dos nossos vícios?  Não existe como comparar vidas diferentes e meios diferentes, mas de modo algum podemos esquecer que nosso mundo é moldado pelo Homem, e como tal sujeito aos seus vícios...aos seus caprichos.
Isto é estranho, mas, existe algo mais estranho a ser perguntado. Desde quando alguém definiu o que é certo e errado?  Será que não podemos defender que somos parte de uma natureza evoluída e mentalmente forte, como defendem pessoas que se consideram guerreiros da evolução? Existem pessoas que lutam contra aquelas que buscam se questionar sobre a necessidade de destruição dos meios naturais para que exista um conforto para nós, que somos apenas uma espécie do planeta, frente a milhões de outras. Será que essas pessoas não percebem o quanto somos importantes, mas não únicos, frente a uma mãe que precisa cuidar de tantos filhos, e que como uma mãe não pode fazer distinção entre os seus?
A natureza nos dá muito, e tal como um filho rebelde, a chamamos de chata, vingativa, ou qualquer outro termo que busque identificá-la como a causadora dos nossos problemas, mas quantos realmente se perguntam a que ponto executamos nossas ações de modo a permitir que a lei máxima da ação e reação seja desencadeada? E nos consideramos desafortunados ou coitados, quando esse algo nos ataca, pois é uma crença que isto deveria nos suprir de todas as nossas necessidades para todo o sempre, sem nenhuma contrapartida.
O mais complicado de tudo é compreender que ao mesmo tempo em que temos que aceitar que nosso mundo não é um mundo natural, ele faz parte da natureza, e como tal devemos todo o respeito a esta, como dependentes e admiradores de sua força e beleza. Aceitar que nosso mundo é um mundo artificial, poderá nos fazer rever conceitos importantes sobre o que realmente precisamos mudar, sobre o que precisamos manter e sobre o que não sabemos sobre nós mesmos. Aceitar que fazemos parte da natureza, pode nos fazer continuar progredindo e nos conectar novamente com o que é realmente importante. 

Um comentário:

  1. Texto maravilhoso meu querido irmão! Aprendi mais alguma coisa, com certeza absoluta lendo suas palavras!

    AHOW!!!

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