quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

A Lua e as Estrelas

A noite veio nos presentear com grandes coisas que estavam em seu lado escuro, em mais um ritual de cura, aprendizado e muita experiência. Tivemos a presença da grande Avó Lua e pudemos conversar com ela, e ela se mostrou como ela realmente é em toda a sua grandeza. Pudemos ser grandes estrelas em seu céu estrelado, levando nossa luz para onde era necessário e a quem quisesse nos enxergar, pois lá estávamos nós. Grandes, completos, inteiros e existindo de acordo com o que deveria ser. Além deste grande contato, ainda fomos presentados um a um, com uma dádiva da Avó Lua. Experiência que nunca irei esquecer em minha vida.

Os animais de poder, mais uma vez se fizeram presentes e com a ajuda deles, conseguimos atingir um grau de limpeza em nossos corpos, físicos ou não, que superava toda e qualquer expectativa que qualquer um presente pudesse esperar. É lindo ver e ser agraciado com o contato com os grandes animais e sentir a força deles fluindo através de nós mesmos. Fazemos parte deles e eles de nós e a dança com os animais é mais uma vez a mais harmoniosa possível. Acredito que nunca irei conseguir representar apenas com palavras como é grandioso este contato e o quanto me sinto ‘em casa’. Apenas agradeço por ter me encontrado e saber que hoje posso dizer do fundo de meu coração que me encontrei e estou caminhando para aquilo que quero.

O cheio da fumaça dos cachimbos e a música me enviam as primeiras rodas, os primeiros rituais, os primeiros aprendizados, as primeiras viagens, o contato com os animais, o primeiro contato com a Mãe Terra onde soube de sua grandeza e pude realmente agradecer por estar ali, sentir o calor do fogo em meu rosto, mesmo sabendo que fisicamente ele não estava lá, mas eu estava com ele em um lugar muito sagrado, o frescor da água que caminhava pelo meu corpo e me limpada de qualquer problema ou mal que eu tenha absorvido. Estas coisas simplesmente estão armazenadas em minha mente e dali nunca sairão e a isto eu agradeço.

Voltando a roda, a conversa se tornou agradável, estávamos mais uma vez em uma roda de amigos, apenas conversando, trocando experiências e sempre aprendendo uns com os outros. Somos amigos, somos irmãos, desta e de outras vidas.

Então veio a música para que pudéssemos encerrar o ritual por esta noite, porém ele estará, assim como os outros, dentro de nossos seres pela eternidade, ecoando em conjunto com o todo e transmitindo os aprendizados aqueles que estão dispostos a aprender.

AHOW IRMÃOS!!!

domingo, 20 de fevereiro de 2011

Renascimento pela Morte

Em nossa última roda, tivemos um grande aprendizado através de um grande problema de um de nossos irmãos. Ele passava por diversas mudanças em sua vida e estava se sentindo exausto, cansado, como se pudesse sentir o peso da mãe terra em suas costas. Muitas coisas mudando, minando o seu poder pessoal e fazendo com que ele achasse que não teria como se manter em cima de um grande cavalo, porém foi nos mostrado o contrário.

Este nosso irmão, através de diversos modos, foi curado desta insanidade temporária e pode enxergar que realmente estava tudo bem e andado conforme era necessário.

O mesmo foi de encontro a seu eu inferior, lhe fazendo sentir a pior das criaturas, porém com a ajuda de diversos animais de poder, ele se curou. Porém, não foi nem um pouco fácil, mas ele em sua treva pessoal encontrou a luz através da de toda sua sabedoria. E através da morte, ele encontrou seu renascimento, completo e cheio de luz o guerreiro voltou, impecável e pleno.

Muitas vezes em nossa vida, temos que ir até o fundo do posso para realmente enxergar o que realmente é importante em nossas vidas, somente assim reencontramos nossa luz e voltamos ao nosso caminho do meio, após conhecer os dois lados da moeda. Aprendemos também que em nosso mundo binário, não existe como expandir apenas de um lado, pois os dois estão unidos e alimentando um deles, o outro também é alimentando. Temos que aprender a lidar com este nosso dois lados e caminhar sempre, respeitando e comungando com ambos.

AHOW IRMÃOS!!!

         


          


          Muitos são os caminhos para se conhecer as coisas boas, mas as coisas boas só existem se houver um confronto com outras que não são tão boas assim.
Nós que vivemos no meio de prédios e que escolhemos um mundo mais cinza como o mundo do nosso dia a dia, achamos estranho quando pessoas que estão pouco acostumadas as “nossas paisagens” se admirem com o tamanho dos nossos prédios, a rapidez dos nossos carros, nossos celulares e nossa tecnologia. Agora, por vezes essas pessoas vêem o lixo, a corrupção, a sujeita urbana, a poluição, como elementos estranhos a nossa realidade, mas que necessários são para sermos considerados como pertencentes a uma sociedade evoluída.
Em outra ponta temos nossa visão de que a natureza selvagem, as matas, os rios, as praias, as montanhas, são uma coisa também a parte de nós, nos admiramos com a beleza dela, nos sentimos bem ao seu lado, e muitas vezes temos os momentos mais agradáveis com essas visões e vivências, pois nossa memória sempre tem um bom espaço para algo belo que vimos na natureza, seja por um segundo ou por meia vida. Agora será que podemos dizer que há algo na natureza que possa ser comparado ao nosso lixo, sujeira, poluição? É impossível enxergar no meio da natureza, algo que não tenha um meio e um fim úteis a todos os demais e a todo o ciclo de vida. Não há como comparar nosso mundo cinza com um mundo verde ou o azul de um rio, ou comparar nossos chicletes colados no chão, com as sementes que são transportadas pelas aves para se tornarem novas vidas. Existem pessoas que realmente acham que vivemos em um mundo natural.  
Essa é uma coisa estranha a se perguntar, pois afinal podemos mesmo comparar nossos processos e nossa vida ao que é uma vida realmente natural e livre dos nossos vícios?  Não existe como comparar vidas diferentes e meios diferentes, mas de modo algum podemos esquecer que nosso mundo é moldado pelo Homem, e como tal sujeito aos seus vícios...aos seus caprichos.
Isto é estranho, mas, existe algo mais estranho a ser perguntado. Desde quando alguém definiu o que é certo e errado?  Será que não podemos defender que somos parte de uma natureza evoluída e mentalmente forte, como defendem pessoas que se consideram guerreiros da evolução? Existem pessoas que lutam contra aquelas que buscam se questionar sobre a necessidade de destruição dos meios naturais para que exista um conforto para nós, que somos apenas uma espécie do planeta, frente a milhões de outras. Será que essas pessoas não percebem o quanto somos importantes, mas não únicos, frente a uma mãe que precisa cuidar de tantos filhos, e que como uma mãe não pode fazer distinção entre os seus?
A natureza nos dá muito, e tal como um filho rebelde, a chamamos de chata, vingativa, ou qualquer outro termo que busque identificá-la como a causadora dos nossos problemas, mas quantos realmente se perguntam a que ponto executamos nossas ações de modo a permitir que a lei máxima da ação e reação seja desencadeada? E nos consideramos desafortunados ou coitados, quando esse algo nos ataca, pois é uma crença que isto deveria nos suprir de todas as nossas necessidades para todo o sempre, sem nenhuma contrapartida.
O mais complicado de tudo é compreender que ao mesmo tempo em que temos que aceitar que nosso mundo não é um mundo natural, ele faz parte da natureza, e como tal devemos todo o respeito a esta, como dependentes e admiradores de sua força e beleza. Aceitar que nosso mundo é um mundo artificial, poderá nos fazer rever conceitos importantes sobre o que realmente precisamos mudar, sobre o que precisamos manter e sobre o que não sabemos sobre nós mesmos. Aceitar que fazemos parte da natureza, pode nos fazer continuar progredindo e nos conectar novamente com o que é realmente importante. 

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

CITAÇÃO I

"O índio estacionou no tempo e no espaço. O mesmo arco que ele faz hoje, seus antepassados faziam há mil anos. Se eles pararam nesse sentido, evoluíram quanto ao comportamento do homem dentro da sociedade. O índio em sua tribo tem um lugar estável e tranquilo. É totalmente livre, sem precisar dar satisfações de seus atos a quem quer que seja. Toda a estabilidade tribal, toda a coesão, está assentada num mundo mítico. Que diferença enorme entre as duas humanidades: uma tranquila, onde o homem é dono de todos os seus atos. Outra, uma sociedade em explosão, onde é preciso um aparato, um sistema repressivo para poder manter a ordem e a paz dentro da sociedade."
(Orlando Villas-Bôas ;
sertanista)

 



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domingo, 13 de fevereiro de 2011

Animal Interno



                Muitos falam sobre conhecer o próprio interior, ou buscam caminhos diversos para atingir esse caminho, mas poucos fazem tentativas verdadeiras de se olhar por essa perspectiva. Aliás, o mais difícil não é ter esse ponto de vista, e sim admitir o que se vê quando se olha desse modo. Quando falamos de nosso animal interior, nas rodas, ou na vida em geral, devemos entender que olhar para esse animal, enxergá-lo e admiti-lo é um processo mais complexo do que simplesmente bater o olho no que somos de verdade e continuar tocando a vida, pois a partir do momento que abrimos essa porta dessa percepção, é impossível retornar ao ponto de origem.
                Esse animal interior pode ser bonito ou feio, bondoso ou raivoso, franco ou indireto, ou tudo ao mesmo tempo, mas não muda a principal característica que esse animal possui: Ser você. E sendo você, não se extingue apenas a sua vontade de deixá-lo escondido em algum canto do subconsciente  aonde não possa ser enxergado, pois esse animal continua se alimentando dos seus sentimentos e de sua capacidade de compreende-lo, afinal se você o esconde, ele irá tentar mostrar que está vivo através de aparições esporádicas na sua superfície, e então o chamamos de nosso “outro lado” ou nosso “lado diferente”....Não!...Somos o mesmo e esse mesmo só pode ser absorvido e utilizado a nosso favor a partir do momento que entendemos essa animalidade como inerente a nossa capacidade e a trabalharmos para que ele se torne parte de nós de uma forma espiritual.
                Rejeitar que temos diferentes lados e dimensões dentro de nós, é rejeitar a idéia de que podemos evoluir através da compreensão, e rejeitando essa idéia, iremos continuar batendo a cabeça na parede em busca de soluções fáceis para nossos problemas e como temos nossos espíritos guardiões, e devemos lembrar que estes guardiões esperam que possamos evoluir e atingir pontos de plenitude espiritual para que cheguem a nossa vez de auxiliar amplamente aqueles que assim desejarem, e para isso devemos nos tornar parceiros e companheiros destes, através do que somos de verdade e através da nossa animalidade.
                Não basta olhar, é preciso enxergar, e o mais difícil de enxergar é dentro...

sábado, 12 de fevereiro de 2011

O Caminho dos Animais

Uma noite de grande aprendizado, foi o que tivemos em nossa última roda. Não maior ou melhor que nenhuma outra roda, apenas diferente e assim, pudemos enxergar algumas coisas que não víamos antes.

Antes de qualquer abertura falada, cantamos, dançamos e nos libertamos para nosso encontro com todo. A roda girava, assim como nós girávamos em torno de nós mesmo, em torno dos presentes e em torno d roda. Tudo girou e a energia fluiu como o fluxo de um belo riacho translúcido em seu leito. Tudo era claro e refrescante, podíamos ver o fundo e tudo que ali corria, era transparente e ao mesmo tempo visível. Sentíamos que tudo percorria nosso corpo, nos ‘molhava’ e passava. Assim nos absorvíamos o que era necessário e o ciclo continuava.

Porém uma hora senti meu corpo fraco e tive a impressão que iria cair. E nesta hora escuto de mim mesmo “só é forte, aquele que realmente quer ser forte” e então subitamente me levantei e estava renovado, mas apenas por este era exatamente o sentimento que tinha. Sabia agora que, quando queremos alguma coisa e se queremos de verdade, ela se concretiza. E após isso eu estava em paz comigo mesmo e então estava novamente em torno da grande roda.

Estão a presença dos animais de poder era muito intensa e todos os presentes puderam senti-los muito perto, a conexão foi feita e então eles se manifestaram através de nós. Urros, berros, sons incompreensíveis ecoaram pelo local, e muitas lições foram aprendidas neste momento. Os animais nos mostraram suas conexões, respeito um pelo outro e com simples gestos estavam em comunhão.

Após algum tempo sentado em torno da roda, pude sentir uma grande força de amor, harmoniza e paz, que brotava dentro de mim e então uma canção saiu de minha boca. Canção que não conhecia desta maneira, mas sabia muito bem o que representava. Ela era feita de uma mistura de sentimentos muito bonitos que estava transbordando dentro de meu ser e que saia de minha boca em força de música. Diversas sensações e imagens passaram por mim em quanto a música era composta e saia de meu ser e isso me acalmava e pude entender muito mais sobre este sentimento. Pra mim, um dos grandes aprendizados da noite.

Após todo esse vislumbre de todas as coisas, nos sentamos e em conexão com a grande roda pudemos nos curar, nos conhecer, nos acalmar, nos centrar. A paz era a grande imperadora desta noite e em nossos corações a festa acontecia, em harmonia com o todo.

AHOW IRMÃO!!!

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

O Caminho é Simples

Foi uma grande honra estar reunido com meus irmãos em mais este grande ritual de aprendizado. Acredito que para todos, esta foi a grande sensação que a roda nos proporcionou. Nesta noite, aqueles que pouco falavam, conduziram todos a um grande ensinamento, falando sábias palavras; aqueles que se julgavam fortes, sentiram seus joelhos tremerem; aquele que tinha medo, descobriu que todos os outros já tiveram, mas porém continuaram; aqueles que acharam que tinham perdido o contato, descobriram que ele está mais vivo e ativo do que nunca. E dentro de nós o caminho é iluminado a cada passo e que nunca sejamos cegados com luz excessiva, porém que esta luz nunca se apague e seja sempre na medida certa para cada ação.

Escutamos um grande guerreiro que com as mais belas palavras, nos mostrou o que precisamos ouvir. Palavras que não saiam apenas de sua boca, mas sim de sua alma, desta e de outras encarnações. E elas nos deram força, clareza, esperança e muita paz. Estávamos sentados ao pé de um grande guerreiro de outras vidas, aprendendo como pequenos índios guerreiros que escutam atentos as palavras do grande xamã, assim como já aconteceu com este índio que hoje falava para seus amigos, irmãos e guerreiros. E assim o ciclo mais uma vez se repete, como tem de ser.

Então o Grande Espírito nos trouxe música. E nossos corações pulsavam junto com os tambores e então dançamos, a sensação de liberdade percorre nosso ser, transcendemos e junto com outros irmãos, dançamos numa grande roda a festa da vida e de estarmos exatamente onde queríamos estar. As músicas levam nosso corpo e alma a outro estado, onde entendemos melhor o que realmente somos e o porque estamos alí.

Só então acendemos nossa fogueira sagrada e o contato com o todo passa a ser em um nível mais elevado. Nossas mentes estão vazias e podemos entender, nos curar e expandir tudo isso. Corpos, mentes e espíritos unidos. Assim estávamos nós, aprendendo com as chamas que dançavam com a música, dançavam conosco, com outros seres e com o Todo.

Então percebemos que um de nossos irmãos não se sentia bem e então a cura veio para nos ajudar. Porém por um descuido, aquele que devia ser instrumento de cura, acabou contagiado pelas energias que deveria apenas retirar e então por alguns instantes o mesmo adoeceu. Então uma grande presença, que a muito tempo não se manifestava, nos presenteou com sua presença e com maestria curou o doente com sua luz de forma sublime.

Nos sentamos em torno da roda novamente, conversamos e aprendemos, compartilhamos e transmutamos tudo que havia permanecido de que não iriamos utilizar. Palavras mais uma vez, foram ditas por grandes guerreiros, sim, desta vez todos falaram e até aqueles que não se achavam capazes de tão belas palavras, as disseram de forma simples muitas vezes, mas não vejo outra de ser tão perfeitas.

Nunca podemos nos esquecer que a perfeição é simples e que o simples muitas vezes se torna complicado, pois ‘simplesmente’ nós o complicamos. Mas nosso caminho é simples e estamos ‘descomplicando’ e voltando ao básico, onde cada respiração é uma oração, cada toque é uma cura, cada palavra é um coração pulsando em alegria, e cada olhar é um vislumbre de nosso maravilhoso caminho.

AHOW IRMÃOS!!!